domingo, 18 de julho de 2010

Centro de Letras do Paraná

Fundado em 19 de dezembro de 1912 no salão de honra do jornal Diário da Tarde. Sendos seus Sócios Fundadores, Euclides Bandeira e Emiliano Perneta. O Centro é um organismo atuante com sede própria na Rua Fernando Moreira nr. 370 no Centro de Curitiba. É presidido atualmente pelo Desembargador Luis Renato Pedroso.


Presidentes:

1912-1913: Euclides Bandeira
1913-1918: Emiliano Perneta
1918-1921: Pamphilo D’Assumpção
1921-1922: José Henrique de Santa Rita
1922 : Jayme Ballão
1922-1934: Pamphilo D’Assumpção
1934-1940: Ulysses Falcão Vieira
1940-1944: Octávio de Sá Barreto
1944-1947: Breno Arruda
1947-1948: Rodrigo Júnior
1948-1949: Gláucio Bandeira
1949-1952: Leonor Castellano
1952-1954: David S. Carneiro
1954-1956: Laertes de Machado Munhoz
1956-1958: Gláucio Bandeira
1958-1960: Heitor Stockler de França
1960-1961: Júlio Estrela Moreira
1961-1964: Vasco José Taborda Ribas
1964-1966: Gláucio Bandeira
1966-1968: Vasco José Taborda Ribas
1968-1970: Juril Carnasciali
1970-1972: Luiz Piloto
1972-1974: Benedito Nicolau dos Santos
1974-1976: Ário Taborda Dergint
1976-1978: Leopoldo Scherner
1978-1980: Vasco José Taborda Ribas
1980-1982: Apollo Taborda França
1982-1985: Vasco José Taborda Ribas
1985-1987: Harley Clóvis Stocchero
1987-1989: Felício Raitani Neto
1989-1991: Valfrido Piloto
1991-1993: Lauro Grein Filho
1993-1995: Samuel Guimarães da Costa
1995-1997: Fernandino Caldeira de Andrada
1997-1999: Adélia Maria Woellner
1999-2001: Luís Renato Pedroso
2001-2003: Luís Renato Pedroso
2003-2005: Luís Renato Pedroso
2005-2007: Luís Renato Pedroso
2008-2010: Luís Renato Pedroso
2010-2012: Luís Renato Pedroso

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Solenidade de entrega de Prêmios aos vencedores do Concurso de monografia

O Centro de Letras do Paraná realizou em 30 de março do corrente ano, sessão solene para a entrega da Premiação do Concurso de Monografia sobre o Barão de Serro Azul, o homem, o empresário e o herói na História do Paraná.
A Solenidade contou com a presença de diversos expoentes da sociedade curitibana, literatos, poetas entre outros. Destaca-se a presença do doutor Fernando Fontana – bisneto do Barão que em nome da família agradeceu aos estudantes premiados pelos trabalhos desenvolvidos. A cerimônia contou também com a presença do Cantos, poeta e compositor Reinaldo Godinho que encantou a todos cantando belíssimas canções com o tema Paraná.

Os premiados são:

Primeiro Lugar: Marina Braga Carneiro ( estudante de história na Universidade Federal do Paraná);
Segundo Lugar: Gehad Ismail Hajar ( estudante de letras na Universidade Federal do Paraná);
Terceiro Lugar: Gabriel Bernet Ribas (estudante de Direito do Centro Universitário Curitiba – Faculdade de Direito Curitiba).

quarta-feira, 3 de março de 2010

Prorrogadas as Inscrições do Concurso de Monografias do Centro de Letras do Paraná

A Diretoria do Centro de Letras do Paraná decidiu prorrogar as inscrições do primeiro Concurso de Monografia do Herói Nacional Barão do Serro Azul, voltado a estudantes do ensino superior e com premiação em dinheiro. Veja o regulamento no post abaixo.

Novo Prazo para encerramento das inscrições: 10 de março de 2010.

Participe!!!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Primeiro Concurso de Monografia do Centro de Letras do Paraná

O Centro de Letras do Paraná em parceria com o Movimento Pró- Paraná lançará durante a Bienal do Livro de Curitiba o primeiro Concurso de Monografia do Herói Nacional Barão do Serro Azul, voltado a estudantes do ensino superior e com premiação em dinheiro.

Objetivo:
Estimular conhecimento sobre a história do Paraná

"O concurso visa resgatar a memória do Barão de Serro Azul e ajudar na divulgação da história do Paraná, que é bastante rica, mas pouco conhecida", afirma o presidente do Centro, desembargador Luís Renato Pedroso.

Tema:
O Barão do Serro Azul, o homem, o empresário e o herói, na história do Paraná.

Participantes:
Alunos do Ensino Superior do Estado do Paraná.

Prazo das Inscrições:
Até 23 de fevereiro de 2010.

Premiação:
Para as monografias selecionadas e classificadas serão atribuídos os seguintes prêmios:
Primeiro Lugar: R$ 7.000,00 (sete mil reais)
Segundo Lugar: R$ 4.000,00 (quatro mil reais)
Terceiro Lugar: R$ 3.000,00 (três mil reais)

Obs.: O primeiro lugar também receberá a obra completa de Túlio Vargas

Clique na imagem para acessar a íntegra do Regulamento.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Centro de Letras do Paraná

Fundado em 19 de dezembro de 1912 no salão de honra do jornal Diário da Tarde. Sendos seus Sócios Fundadores, Euclides Bandeira e Emiliano Perneta. O Centro é um organismo atuante com sede própria na Rua Fernando Moreira nr. 370 no Centro de Curitiba. É presidido atualmente pelo Desembargador Luis Renato Pedroso.


Presidentes:

1912-1913: Euclides Bandeira
1913-1918: Emiliano Perneta
1918-1921: Pamphilo D’Assumpção
1921-1922: José Henrique de Santa Rita
1922 : Jayme Ballão
1922-1934: Pamphilo D’Assumpção
1934-1940: Ulysses Falcão Vieira
1940-1944: Octávio de Sá Barreto
1944-1947: Breno Arruda
1947-1948: Rodrigo Júnior
1948-1949: Gláucio Bandeira
1949-1952: Leonor Castellano
1952-1954: David S. Carneiro
1954-1956: Laertes de Machado Munhoz
1956-1958: Gláucio Bandeira
1958-1960: Heitor Stockler de França
1960-1961: Júlio Estrela Moreira
1961-1964: Vasco José Taborda Ribas
1964-1966: Gláucio Bandeira
1966-1968: Vasco José Taborda Ribas
1968-1970: Juril Carnasciali
1970-1972: Luiz Piloto
1972-1974: Benedito Nicolau dos Santos
1974-1976: Ário Taborda Dergint
1976-1978: Leopoldo Scherner
1978-1980: Vasco José Taborda Ribas
1980-1982: Apollo Taborda França
1982-1985: Vasco José Taborda Ribas
1985-1987: Harley Clóvis Stocchero
1987-1989: Felício Raitani Neto
1989-1991: Valfrido Piloto
1991-1993: Lauro Grein Filho
1993-1995: Samuel Guimarães da Costa
1995-1997: Fernandino Caldeira de Andrada
1997-1999: Adélia Maria Woellner
1999-2001: Luís Renato Pedroso
2001-2003: Luís Renato Pedroso
2003-2005: Luís Renato Pedroso
2005-2007: Luís Renato Pedroso
2008-2010: Luís Renato Pedroso


Diretoria 2008/2010.

Presidente : Luís Renato Pedroso
1 Vice-Presidente: Vânia Maria Souza Ennes
2 Vice-Presidente: Paulo Roberto Walbach Prestes
1 Secretário : Neumar Carla Winter
2 Secretário : Waldemiro Bley Júnior
1 Tesoureiro : Paulo Roberto Karam
2 Tesoureiro : Lília Souza
Orador : Estefano Ulandowski

Diretores:

Cultural : Isacc Cubric
Social : Marisa Soares de Azevedo
Artístico : Teresa Teixeira de Brito
Comunicação: Apollo Taborda França
Patrimonial : Joel Pugsley
Jurídico : Dario Livino Torres

Conselho Fiscal:

Clotilde de Quadros Cravo
Maria do Carmo C. Fortes
Horácio Ferreira Portella
Tufi Maron Filho
Ivete Therezinha Mion

Emiliano Perneta



Sobre o Poeta:

Emiliano David Perneta (Curitiba, 3 de Janeiro de 1866 - 21 de Janeiro de 1921) foi um poeta brasileiro. Nascido em um sítio de Pinhais, na zona rural de Curitiba, incorporando ao sobrenome um apelido de seu pai.Considerado maior poeta paranaense, começou influenciado pelo parnasianismo. Republicano no Império, tanto que no dia 15 de novembro de 1889 formou-se em direito, sendo escolhido orador da turma, fez um discurso inflamado em defesa da República, sem saber que a mesma havia sido proclamada horas antes no Rio de Janeiro. Foi abolicionista, continuando nos ideais da liberdade, passa a fazer palestras, publica artigos políticos e literários, assim como passa a incentivar, em Curitiba, a leitura do escritor Baudelaire, fato marcante para o surgimento do simbolismo no Brasil. Publicou seus primeiros poemas em O Dilúculo, de Curitiba, em 1883. Mudou-se para São Paulo em 1885, onde fundou a Folha Literária, com Afonso de Carvalho, Carvalho Mourão e Edmundo Lins, em 1888. No mesmo ano publicou as obras poéticas Músicas, de versos parnasianos, a Carta à Condessa d’eu. Foi também diretor da Vida Semanária, com Olavo Bilac, e colaborador do Diário Popular e Gazeta de São Paulo. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1890. Lá, colaborou com vários periódicos e , em 1891, foi secretário da Folha Popular, na qual foram publicadas as manifestações inicias do movimento simbolista, assinados pelos poetas B. Lopes, Cruz e Sousa e Oscar Rosas. De volta ao Paraná, criou a revista simbolista Victrix em 1902. Em 1913 publicou o poema livreto Papilio Innocentia, para a ópera do compositor suíço Léo Kessler, sobre o romance Inocência de Visconde de Taunay.
Sua obra poética inclui Ilusão (1911), no qual se faz presente a estética simbolista, Pena de Talião (1914), os póstumos Setembro (1934) e Poesias Completas (1945).
Pelo seu dinamismo e obras, foi homenageado por diversos contemporâneos, entre eles, Nestor Victor, Lima Barreto, Andrade Muricy. Tais homenagens aconteceram em vida e também após a sua morte, ocorrida no dia 21 de Janeiro de 1921 na pensão de Otoo Kröhne, na Rua XV de Novembro, 84.


Principais Obras
• Ilusão (poemas – 1991),
• Pena de Talião (1914),
• Setembro (poemas – 1934) (póstumo).
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Alguns Poemas:

PARA UM CORAÇÃO

Um dia, vi-te, assim, bailando,
E a uma pergunta, que te fiz,
Tu respondeste : "Eu amo, e quando,
E quando eu amo, eu sou feliz!"

Por uma noite perfumada,
Cantaste, sobre o teu balcão.
E eu disse, ouvindo a áurea balada :
- Ah! Que feliz é o coração!

Quanta felicidade, quanta,
Não há ninguém feliz assim :
Um dia baila e noutro canta,
Como se fosse um arlequim...

Eu disse .. Mas agora vejo,
Nesse silêncio tumular,
Que estás sofrendo, e o teu desejo
Já não é mais o de bailar...

Nem de bailar, e nem, de certo
De nada mais, de nada mais...
Que fazes, pois, triste deserto,
Que fazes pois, que não te vais?

Mas, choras, creio, choras? Onde?
Se viu chorar um Lucifer?
Pobre diabo, vamos, esconde
Essas fraquezas de mulher...
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SETEMBRO

Eu ontem vi chegar, quase que à noitezinha,
Apressada e sutil, a primeira andorinha...

É a primavera, pois, em flor, que se anuncia,
É setembro que vem, bêbedo de ambrosia.

Mãos doiradas, a rir, mãos leves e radiosas,
Semeando à luz e ao vento as papoulas e as rosas...

Como foi para nós de um esquisito gozo,
Ó minha alma! esse doce, esse breve repouso,

Que entre o nosso viver tumultuário e incerto
Surgiu como se fosse o oásis do deserto...
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Fontes:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/parana
http://livrosparatodos.net/biografias/emiliano-perneta.html
http://livrosparatodos.net/biografias/emiliano-perneta.html
http://br.geocities.com/poesiaeterna/poetas/brasil/emilianoperneta.htm

Euclides Bandeira



Euclides da Motta Bandeira e Silva, nasceu em Curitiba, em 22 de novembro de 1876, filho de Carlos da Motta Bandeira e Silva e de Dona Thereza Maria da Silva. Seus antepassados foram fundadores da Cidade, trazendo sua linhagem de Baltazar Carrasco dos Reis. Fez os estudos preparatórios em Curitiba, nos quais foi aprovado com distinção na "Escola dos Bons Meninos" do Dr. José Cleto da Silva, obtendo a medalha de ouro, no dia 24 de dezembro de 1890. Matriculado na Escola Militar do Rio de Janeiro, teve seus estudos interrompidos em 1895 em decorrência da extinção pelo governdo da Escola Militar. Durante sua permanência nas linhas executou tare fas militares tanto nas trincheiras de terra como a bordo do vaso Itaipu. Na sua fé de ofício consta elogio por suas ativida des contra o Aquidaban. Regressando a Curitiba, foi-lhe oferecido emprego nos Correios, que ele não aceitou, preferindo dedicar-se ao jornalismo, trabalhando ativamanete como repórter, articu lista, redator e diretor.

Iniciou sua carreira no periódico "A Luz", cujo pri meiro número saiu a 15 de janeiro de 1890, publicação quin zenal do Centro Espírita; "o Artista", 1892; "Azul", em 4 de março de 1900, de tendência simbolista, juntamente com Santa Rita Júnior, Nicolau dos Santos, Evaristo Perneta, Adolfo Werneck, e Thiago Peixoto. O "Azul" foi muito importante no Simbolismo do Paraná, apesar de sua pouca duração. Colaborou também em todas as revistas e jornais da fase Simbolista, como Pallium, Turris Eburnea, O Sapo, o Olho da Rua, este último mais para o lado humorístico. Sua atuação mais duradoura foi no "Diário da Tarde", o que ensejou sua liderança sobre um grupo de jovens escritores, republicanos, livres pensadores que levou à criação do Centro de Letras do Paraná, em 1912.

Cronistas da época relatam as reuniões prévias, realizadas em 1912, dando destaque para a reunião do dia 14 de julho, no salão de honra do "Diário da Tarde", na qual se cantou de joelhos a "Marselhesa", o que demonstra a mística que a República recém proclamada e consolidada na Guerra Federalista despertava nos jovens idealistas da época. Assim, no dia 19 de dezembro de 1912, aniversário da instalação da Província do Paraná, no Salão de Honra do Diário da Tarde, reunidos 65 intelectuais paranaenses, foi fundado o Centro de Letras do Paraná.

Fato inusitado para a época: a presença de quatro mulheres: Annete Macedo, Carmen Catapreta, Alda Silva e Zaida Zardo.

Primeiro presidente do Centro de Letras do Paraná, teve importância fundamental numa polêmica contra os novíssimos e a corrente espiritualista do Modernismo, de caráter mais ideológico e menos interessado em romper com a geração consagrada, onde despontavam Tasso da Silveira, Andrade Muricy e Lacerda Pinto. Casou-se com Da. Joanina Ferrante e com ela teve filhos, dos quais Glaucio seguiu a carreira de Medicina e das letras. Cultivou a crônica, em detrimento da poesia, e gostava de publicar peças humorísticas, assinando com os pseudônimos: W. Schowski, Delmiro Caiubi, Don Juan Lascivo, Ruy Pacheco, Marquês de Val de Vinos, Hélio, Gil, Gil Pachola, Glaucio, Fra Diávolo, Diavolino, Flavius, Shopp Nhauer, Hermann, Max, Stelio.

Quando da fundação da Academia Paranaense de Letras, foi-lhe oferecida a fundação de uma cadeira, que ele, por motivos próprios não aceitou. Posteriormente, na reforma da Academia, foi-lhe atribuida a cadeira no. 12, cujo ocupante atual é Ernani Straube. Glaucio Bandeira publicou um folheto da biografia de Euclides. Euclides Bandeira faleceu em Curitiba, em 26 de agosto de 1947.

Andrade Muricy classifica-o como "poeta de técnica segura e de gosto invulgar"."Foi o jornalista mais brilhante e o primeiro cronista do Paraná", acrescenta Muricy.


Bibliografia:

Heréticos, 1901, poesia
A Mulher e o Romantismo, ensaio, 1901
Ditirambos, 1901, poesia
Velhas Páginas, 1902, poesias;
Versos Piegas, 1903;
Ouropéis, 1906
Troças e Traços, 1909, prosa;
O Monstro, 1927 - na "Novelas Paranaenses"
Prediletos, 1940 - coletânea de poemas;


Alguns de seus Poemas:

Ausência

Recresce, arpoante e funda, a saudade cruel.
Corri ela foi meu sol, partiu minha risada!
Cada dia que passa é uma gota de fel
que se me infiltra na alma e a põe envenenada.

Mais larga a ausência, mais a lembrança dourada
resplandece, espertando emoções em tropel:
o riso, o gesto, a voz; boca a boca soldada,
os seus beijos febris que eram de fogo e mel...

Claro perfil de luz, louro encanto irradiando
o revérbero astral de flavescente véu
que dourava o meu sonho e o verso decadente.

Onde estás? interrogo. E a mágoa cresce quando
sinto tudo em silêncio em torno. .. O próprio céu
misterioso e azul, como os olhos da Ausente...


O Sapo

A Emiliano Perneta

Olha atentamente: é um sapo. Um sapo!...e nada
mais asqueroso que um sapo!...e nada mais
repugnante que o rei da água estagnada,
verde como a gangrena azebre dos metais.

Mirai-o bem, porém, como eu estou a olhar
esses que aos gorgolões de uma enxurrada crua
cuspiram da sargeta - upa! - cabriolas no ar,
e estatelou-se de redondo, ali na rua.

Caiu. Ficou. É mais chato que a laje lisa!
Há de encontrá-lo quem ao transitar em baixo
dos pés sentir, cedendo, a maciez de um capacho
de musgo fofo que afunda quando se pisa.

A pata de um corcel com ferraduras de aço
passando a galopar, mais lesto do que um corço,
talvez o esmague ao premir-lhe o dorso
fazendo-o vomitar as vísceras, o baço...

Mas ele ali está, quieto, desprevenido,
descuidado de si, do mal, das traições;
de resto o sapo é assim, parece andar perdido
sempre em profundas e sérias cogitações.

Ah! Quem sabe se nesse animal tão rasteiro
que mal consegue erguer-se um palmo além do chão,
não há uma centelha, um vislumbre, um ligeiro
clarão de inteligência, um timbre de razão!...

Se assim for, Santo Deus, ele que anda de rojo,
e nem sabe sequer que existem tantos sóis,
deste nosso paul, e de nós, todos nós!
que náusea há de sentir! Que desprezo e que nojo!

O mundo é um tremedal, envolve tudo a lama;
era um palácio de ouro assente sobre a lama
tragou-o um terremoto e, incendiado todo,
sumiu-se...Apenas resta uma língua de chama.

A Fé caiu no charco, o Bem em vil marmota...
A Liberdade - a Luz - num grande ceno hiante...
A Justiça - piedade! - uma ceguinha rota
aí anda a esmolar de porta em porta...Adiante!

Nada resta impoluto! É uma vasa o Universo.
Onde um canto de sol para o olhar da Pureza?
Há salpicos de lodo até no próprio verso!
Na alma, no mar, na terra, em toda a natureza!

...............................................

Ah! o sapo compreende o atascal de misérias
que afoga a Humanidade...Ao vê-la na asfixia
ele, às vezes deixando as atitudes sérias,
assume estranho ar de esplêndida ironia!

Compreende tudo!...E quando a lua nova, perdida,
divaga na amplidão envolta em manto gáseo
é por nós que ele coaxa uma nênia sentida
erguendo para os céus os olhos de topázio.

Predileto

É o tipo que me encanta, o louro. De relance
Nos enche de ouro fluido as pupilas surpresas...
Não Esse, para aflar as emoções burguesas,
Que anêmico flavesce idílios em romance.

É o flamante, o galhardos.. O louro de proezas
Ruivas ao sol, chispando áscuas, raios, nuance,
Que eletriza e que cega! O louro, enfim, que avance
Ao superno fulgor de pupilas acesas!

Freme-se ao vê-lo; há nervo, há vibração, há francas
Aleluias de luz! — labaredas de sândalo
A se evolar... No azul umas volutas brancas...

— Por tudo isso eu o quero e por ser tão escol
O ouro que te esplendora, ó Rúbia! ó flor de escândalo!
Ainda me tremem na alma umas réstias de sol...


Colaboração:
Paulo Roberto Karam
do Centro de Letras do Paraná e da
Academia Paranaense de Poesia